Na 4ªFeira lá fui ao Hospital para fazer a avaliação fetal, tranquila e convencida de que pouco teria avançado no trabalho de parto. A jovem médica chamou pelo meu nome, avaliou a dilatação e o colo do útero. Estava já com quase 6 dedos e colo anterior. Fui fazer o CTG, que acusou contracções, mas que eu não as senti..achámos as duas por bem, deixar passar mais uns dias, e voltar novamente, pois era desnecessário induzir o parto, uma vez que estava a desenrolar-se muitíssimo bem.
Pediu-me para esperar na sala de espera. Fui ter com o meu marido com um sorriso de orelha a orelha. "Parece que está tudo bem, mas ainda não é hoje. Só não estou a perceber porque tenho que esperar..".
Não demorou um minuto a ouvir novamente o meu nome. Desta vez, uma médica mais experiente, que me disse que iria fazer novamente o toque, para decidirmos se iria ficar internada ou não. Vamos lá ver então. Resultado: 7 cm de dilatação, colo totalmente apagado, contracções, terceiro filho..estava mais que decidido..! Assim que rebentassem as águas iria saltar uma pipoquinha cá para fora. Fui falar com o meu marido, que ficou radiante e foi buscar as malas ao carro, liguei para a minha mãe por causa dos mais velhos, e preparei-me para o que se seguia.
Apenas com a bata do hospital e deitada na cama, vi-me furada com agulhas que não acertavam com as veias, respondi a uma série de perguntas à enfermeira, ouvi os gemidos da rapariga de 16 anos na cama do lado que estava há 14 horas em trabalho de parto, a levar com doses de epidural. A médica que me internou, já tinha conhecimento de que eu não pretendia ser anestesiada, e veio rebentar a bolsa do líquido amniótico. Pedi à enfermeira para o meu marido assistir ao parto e ela prontamente deixou-o entrar para a sala de dilatação.
"Estão a começar mor, dá-me a mão e não me deixes fazer força nos músculos." Veio a primeira, mais forte do que eu estava à espera..a segunda..a terceira..a quarta. A quarta, meu Deus, tão infinitamente longa, e tão dolorosa, que não aguentei o grito e pedi-lhe para chamar a enfermeira porque já estava feita a dilatação. Não foi preciso. Já lá estavam todas. Tocaram-me e sim, estava pronta para parir.
Na sala de partos, a calma reinava e disseram-me logo para fazer força quando quisesse, mas para fazer devagar pois não iriam fazer nenhuma episiotomia. Novidade para mim! O bebé é pequenino, mas daí a não ser cortada..será que sou capaz de o fazer sem rasgar? No momento do parto, deixamos de ter noção de algumas coisas que se passam e/ou fazemos, as dores são tão fortes que não conseguimos pensar. A única coisa que nos resta é seguir o nosso corpo: fazer força.. É preciso tentar ouvir as vozes que nos guiam para sabermos que estamos a fazer bem ou não, é preciso muita concentração para respirar bem como nos ensinam na preparação para o parto. Por dois partos seguidos, tive que deixar de fazer força no meio de uma contracção, para o médico retirar o cordão à volta do pescoço do bebé..Não é fácil contrariar a vontade do nosso corpo no momento da expulsão.
Não posso dizer que foi um parto fácil para mim, mas sem dúvida que foi um parto excelente, rápido, sem anestesia, sem episiotomia, sem pontos e sem dores no pós-parto.
Cheguei hoje a casa, pronta para outra. Escrevo-vos sentada na minha cama, com o marido a dormir aqui ao lado, com os filhotes mais velhos a dormirem (radiantes com a chegada do novo membro da família..!) e com a pipoquinha nº3 na alcofa aqui ao pé de mim e que eu apresento já de seguida:
Benedita, nascida no dia 23 de Julho, com 2880g. Uma ternura de bebé.
Beijinhos, Andreia