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sexta-feira, 25 de julho de 2014

O meu amor mais pequenino..!

Na 4ªFeira lá fui ao Hospital para fazer a avaliação fetal, tranquila e convencida de que pouco teria avançado no trabalho de parto. A jovem médica chamou pelo meu nome, avaliou a dilatação e o colo do útero. Estava já com quase 6 dedos e colo anterior. Fui fazer o CTG, que acusou contracções, mas que eu não as senti..achámos as duas por bem, deixar passar mais uns dias, e voltar novamente, pois era desnecessário induzir o parto, uma vez que estava a desenrolar-se muitíssimo bem.

Pediu-me para esperar na sala de espera. Fui ter com o meu marido com um sorriso de orelha a orelha. "Parece que está tudo bem, mas ainda não é hoje. Só não estou a perceber porque tenho que esperar..".

Não demorou um minuto a ouvir novamente o meu nome. Desta vez, uma médica mais experiente, que me disse que iria fazer novamente o toque, para decidirmos se iria ficar internada ou não. Vamos lá ver então. Resultado: 7 cm de dilatação, colo totalmente apagado, contracções, terceiro filho..estava mais que decidido..! Assim que rebentassem as águas iria saltar uma pipoquinha cá para fora. Fui falar com o meu marido, que ficou radiante e foi buscar as malas ao carro, liguei para a minha mãe por causa dos mais velhos, e preparei-me para o que se seguia.

Apenas com a bata do hospital e deitada na cama, vi-me furada com agulhas que não acertavam com as veias, respondi a uma série de perguntas à enfermeira, ouvi os gemidos da rapariga de 16 anos na cama do lado que estava há 14 horas em trabalho de parto, a levar com doses de epidural. A médica que me internou, já tinha conhecimento de que eu não pretendia ser anestesiada, e veio rebentar a bolsa do líquido amniótico. Pedi à enfermeira para o meu marido assistir ao parto e ela prontamente deixou-o entrar para a sala de dilatação.

"Estão a começar mor, dá-me a mão e não me deixes fazer força nos músculos." Veio a primeira, mais forte do que eu estava à espera..a segunda..a terceira..a quarta. A quarta, meu Deus, tão infinitamente longa, e tão dolorosa, que não aguentei o grito e pedi-lhe para chamar a enfermeira porque já estava feita a dilatação. Não foi preciso. Já lá estavam todas. Tocaram-me e sim, estava pronta para parir.

Na sala de partos, a calma reinava e disseram-me logo para fazer força quando quisesse, mas para fazer devagar pois não iriam fazer nenhuma episiotomia. Novidade para mim! O bebé é pequenino, mas daí a não ser cortada..será que sou capaz de o fazer sem rasgar? No momento do parto, deixamos de ter noção de algumas coisas que se passam e/ou fazemos, as dores são tão fortes que não conseguimos pensar. A única coisa que nos resta é seguir o nosso corpo: fazer força.. É preciso tentar ouvir as vozes que nos guiam para sabermos que estamos a fazer bem ou não, é preciso muita concentração para respirar bem como nos ensinam na preparação para o parto. Por dois partos seguidos, tive que deixar de fazer força no meio de uma contracção, para o médico retirar o cordão à volta do pescoço do bebé..Não é fácil contrariar a vontade do nosso corpo no momento da expulsão.

Não posso dizer que foi um parto fácil para mim, mas sem dúvida que foi um parto excelente, rápido, sem anestesia, sem episiotomia, sem pontos e sem dores no pós-parto. 

Cheguei hoje a casa, pronta para outra. Escrevo-vos sentada na minha cama, com o marido a dormir aqui ao lado, com os filhotes mais velhos a dormirem (radiantes com a chegada do novo membro da família..!) e com a pipoquinha nº3 na alcofa aqui ao pé de mim e que eu apresento já de seguida:
Benedita, nascida no dia 23 de Julho, com 2880g. Uma ternura de bebé.

Beijinhos, Andreia

domingo, 20 de julho de 2014

Esperando o momento..!

Já passou mais de um mês desde o meu último post, mas atendendo ao que se tem sucedido por aqui, resolvi esperar mais uns dias antes de voltar a escrever..

Desde que cheguei de férias, descansei mais um pouco (não consegui o ideal de descanso devido aos outros filhotes, mas para algumas tarefas domésticas tive umas abençoadas ajudas de familiares).  Todos os dias tenho muitas contracções, e sei que o momento está muito perto...

A ecografia que detectou o percentil 25 foi feita às 31 semanas e eu iria repeti-la às 33 semanas, para ver se o bebé teria aumentado de peso (por isso o descanso forçado). À medida que os dias passavam, eu comecei a ficar cada vez mais nervosa e ansiosa por repetir a eco e tirar tantas dúvidas de dentro de mim. Chorei. Chorei muito. Chorei ao imaginar que o bebé pudesse ter um atraso de crescimento intra-uterino, e pudesse estar num percentil ainda mais baixo. Às 33 semanas, se ele não apresentasse desenvolvimento e descesse de percentil, o mais provável seria uma indução de parto e, consequentemente, eu ficaria com outro filho prematuro nos braços. Com todas as dificuldades que isso implicaria: ver o bebé numa incubadora entubado, a precisar de ajuda para respirar porque os pulmões não estariam desenvolvidos ainda; a dificuldade de pegar na mama porque ainda não teria desenvolvido o reflexo de sucção; enfim...só quem passa por isto sabe o que se sente com um bebé nascido antes de tempo.

Eu descansei o corpo mas não consegui descansar a cabeça. Chorei mesmo muito.

Até que chegou o dia da repetição da ecografia. Fui animada, afinal..iria tirar as dúvidas e pôr certezas (fossem boas ou más!). Entrei no gabinete. Estava a minha médica que me faz as ecografias no privado e uma estagiária. 
- "Mamã, fez esta ecografia há 15 dias, vem repetir porquê?"
- "Para confirmar o percentil, a drª disse-me que ele é pequenino."
Foi a estagiária que fez a ecografia, com supervisão da outra médica. O marido tinha ido comigo, e fazia anos no dia seguinte. Perguntei-lhe ainda na sala de espera se ele queria saber o sexo, pois mediante este cenário para mim isso passou a ser irrelevante. Queria era saber o tamanho do bebé..queria saber o desenrolar disto tudo e preparar-me mentalmente para um prematuro..! Ele disse-me que não. Mas eu não acreditei. Resolvi não relembrar a médica de que isso seria surpresa, para ele ter mais esta prenda de anos.
- "Olhe mamã, está aqui o abdómen, com a bexiga, os pulmões, o estômago, aqui é o fémur, a cabeça aqui mesmo em baixo, mas está tão descido, que custa fazer a medição." Foi aqui que a médica mais experiente interveio, e eu fiquei mais descansada. Mas lá a estagiária continuou e disse -" Está aqui (...) do bebé." Pelas nossas caras ela viu que nós ainda não sabíamos o sexo, e desfez-se em desculpas. 
- "Não faz mal, eu também não lhe disse nada que seria surpresa, e o mais importante neste momento era saber o percentil".
- "Pelas medições parece estar tudo bem, continua no percentil 25. Não se preocupe, o bebé está a crescer proporcionalmente, é apenas um bebé pequeno."
A minha médica concordou e tiraram-me um peso enorme de cima de mim. Viemos embora e eu não conseguia parar de dizer ao meu marido como estava feliz em saber que afinal o bebé não teria nenhum atraso de crescimento, era apenas pequenino. Estava feliz por já estar encaixado e preparado para um parto normal. Mas a cabeça dele estava noutro lado, no que a médica disse. Eu disse-lhe " Oh, eu não vi nada, não ouvi nada, vamos esquecer e continuar assim. Quando nascer, logo saberemos ao vivo e a cores!" 

E continuámos assim, sem dizermos nada a ninguém e a guardamos este segredo só para nós..!

Fui então à consulta das 35 semanas. Ia descansada ao saber que estava tudo bem. A médica, já nos seus cinquentas e poucos anos, sempre tão meiga e calma, viu o relatório desta última ecografia, mandou-me fazer as análises do terceiro trimestre e recolheu as amostras do Streptococcus B. Como é seu hábito, apalpa-me sempre a barriga antes de colocar a sonda. E desta vez fez uma careta. Assim que colocou a sonda bem cá em baixo, eu olho e o que eu vejo? Não podia ser a cabeça, não é redondo! - " Mamã, o seu bebé está sentado." - " Não pode ser Dr.ª, fiz a eco há 5 dias e ele estava cefálico!" - "Pode, pode, os pezinhos estão aqui em baixo e a cabeça está ao pé do seu estômago. Não se preocupe, não é o primeiro filho, ele é pequeno, tem muito espaço ainda para se voltar novamente." Não abri mais a boca nessa consulta, mais uma vez a tentar digerir tanta informação.

Agora era diferente. Não seria prematuro. Mas poderia ter graves problemas, caso o parto fosse pélvico (nascer de pés ou rabinho, via vaginal) e fosse mal feito. Na cesariana, os riscos também não são poucos, pois é uma operação bastante invasiva. Ora bem, desta vez pesquisei o que poderia eu fazer para ajudar este bebé a virar. Encontrei a maneira de fazer uns exercícios. E fiz. Durante 2 dias..porque isto estava a dar a volta à minha cabeça. Comecei a pensar, que se o bebé se sentou é porque está mais confortável assim. Então, em vez de o obrigar a virar, comecei a interiorizar-me do tipo de parto que poderia ter (completamente novo para mim). 

Fui à consulta das 36 semanas, com as respostas na ponta da língua para dar à médica caso se desse a conversa do tipo de parto que iria ser feito. Desta vez foi uma médica jovem, acabada de sair do estágio e que eu gosto muito. Não estava a par de tudo, e teve que ler pelo registo do computador o que se passava. Fez-me mais outra eco, apenas para verificar o líquido amniótico, batimentos cardíacos e movimentos respiratórios. Assim que ela pousou a sonda, eu disse-lhe logo - " Drª antes de começar, diga-me só se a cabeça está para baixo.." Ela colocou a sonda mesmo em baixo e perguntou - " O que acha que isto é?" Eu não me lembro bem se gritei ou não, mas devo ter feito um som bem audível, porque ela assustou-se e deu um salto da cadeira "É a cabeça!!" - " Sim, mãe, é a cabeça, o seu bebé está cefálico e encaixado!". Acabou a eco e disse-me que iria fazer o toque, uma vez que eu lhe tinha dito que tinha muitas contracções. Eu assenti imediatamente, curiosa para saber em que ponto estava. Colo posterior, com 50% de apagamento e 4 cm de dilatação. Não me admirei. 
- " Você está tão adiantada! Vamos tentar chegar às 37 semanas, para não nascer antes de tempo. Descanse bastante e venha ter comigo no Domingo, que estou a fazer banco, para fazermos uma nova avaliação."

Domingo foi hoje. 37 semanas e 3 dias. Continua tudo igual. Volto lá na 4ª feira para nova avaliação, mas tenho cá comigo que ainda vou aguentar mais uns dias..!

As boas novidades sem ser da gravidez e que me fazem sorrir...os pequenos passinhos de aprendizagem e desenvolvimento dos manos mais velhos: a C. tirou as fraldinhas durante o dia agora aos 20 meses e o G. já se consegue vestir (todas as peças de roupa) completamente sozinho com 3 anos e meio..! 

Beijinhos, Andreia